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12/04/2016 - Calouro Brasil 2016 tem patrocínio da APM

Cerca de 100 estudantes de faculdades de Medicina de São Paulo levaram atividades lúdicas e educativas às comunidades do Centro e da Zona Sul

Como parte da programação da Virada da Saúde na cidade de São Paulo, realizada pela prefeitura de São Paulo e pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, a segunda edição do Calouro Brasil 2016 contou mais uma vez com o patrocínio da Associação Paulista de Medicina. Entre os dias 9 e 10 de abril, alunos de Medicina das faculdades Santa Marcelina e Albert Einstein conscientizaram à população sobre práticas preventivas de saúde, nas regiões Largo Coração de Jesus (Centro) e Paraisópolis (Zona Sul), respectivamente. Já os de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo promoveram uma capacitação para estimular outros estudantes a exercitarem o voluntariado lúdico na Pediatria da Santa Casa (Centro). Aproximadamente 100 calouros e veteranos das três instituições participaram da ação.

"O Calouro Brasil só é possível em função da parceria com a Virada da Saúde e do patrocínio da APM. Com essa iniciativa, ambas as organizações e nós do programa acreditamos no conceito de educação pela cidadania, em que o processo educativo ocorre por meio de interações voluntárias entre estudantes e comunidades, isto é, o aluno leva o conhecimento adquirido em sala de aula para as pessoas que não têm acesso”, esclareceu Ademar Bueno, coordenador do projeto.

Por meio desse contato prático com o público, o coordenador avalia que desde o início os futuros profissionais são estimulados a refletir a saúde para a população carente. "Com a junção do conteúdo de ponta oferecidos por estes cursos de Medicina, o Calouro Brasil propicia aos estudantes a oportunidade de inserção comunitária. Eles entendem o seu papel, não só enquanto futuros profissionais, mas de se colocarem como cidadãos no processo de atendimento”, ressaltou.

O patrocínio da Associação contemplou em estreitar a relação com as instituições de ensino, numa atuação conjunta e descentralizada, e em fornecer camisetas e lanches aos estudantes participantes, além de intensificar, posteriormente, possíveis parcerias para elaboração de campanhas educativas de saúde.

A Diretora de Responsabilidade Social da APM, Evangelina de Araujo Vormittag, defende a ação dos acadêmicos em espaços da cidade, como uma oportunidade de convivência com o público carente e de lhes ensinar a promoção de sua saúde fora do ambiente ambulatorial e hospitalar. "Para a APM, é uma alegria estar ao lado dos acadêmicos de medicina e lhes proporcionar ações de cidadania”, reforçou.

Os temas escolhidos pelos estudantes foram a prevenção da dengue, zika e chikungunya; a importância de se realizar adequadamente procedimentos de higiene para se evitar as doenças, como a lavagem das mãos, troca de fraldas e higienização dos alimentos; e a atividade lúdica de contação de histórias como parte do processo de acolhimento e cuidados às crianças e aos adolescentes internados.

Confira como foi o evento em cada local e o envolvimento dos alunos

Esclarecimentos sobre prevenção contra dengue, zika chikungunya  

Os alunos da Faculdade Santa Marcelina explicaram ao público do Largo Coração de Jesus, Zona Central de São Paulo, a importância de se eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti, nos espaços público e privado, e apontaram os principais sintomas causados pelos vírus dengue, zika e chikungunya, transmitidos pelo vetor, e as formas de tratamentos.  A ação foi realizada no sábado, 9 de abril, das 10 às 14 horas.                                                                                      

Breno Pimentel Sampaio, estudante do segundo ano de Medicina e presidente do Centro Acadêmico Adib Jatene da Fasm, participou pela segunda vez do Calouro Brasil. Embora seja morador de São Paulo há 15 anos, foi a primeira vez que esteve na região, conhecida popularmente como Cracolândia.

Distante de sua realidade, avaliou com enriquecedora a atuação no local. "O programa ajuda mostrar para os diversos públicos que os alunos são sim empenhados socialmente. Isso é essencial e faz parte até da própria natureza da Medicina. Por isso, penso que essa iniciativa tem de ser reproduzida nacionalmente, para assinalar como o futuro profissional devolve para a sociedade anos e anos de estudo. E a APM é incentivadora, ao propagar essa visão. ”

Oficina de Contação de Histórias

Mais de 70 jovens calouros e veteranos dos cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Enfermagem participaram da oficina de capacitação sobre a arte de contar histórias de forma lúdica, pela associação Viva e Deixe de Viver, para crianças internadas no departamento de Pediatria e Puericultura da Santa Casa de São Paulo. O evento foi realizado no dia 9 de abril, das 16 às 19 horas, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Vila Buarque.

Durante as próximas semanas, os alunos capacitados farão o trabalho voluntário de contação de histórias nas enfermarias, reunindo a teoria e a prática, levando o mundo mágico do livro às crianças internadas.

"Qualquer aluno da instituição que deseja entrar no programa precisa ser capacitado. Damos informações necessárias do que fazer na pediatria, de como pode ou não brincar com a criança”, explicou a terceiranista de Medicina, Isabela Maravalle Ramos, secretária de captação voluntária para o Programa Santa Maluquice, uma atividade extracurricular universitária, vinculada ao Departamento de Pediatria e Puericultura da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP).

Ao se inserir no programa, o estudante se compromete a ir semanalmente ou quinzenalmente à pediatria para desenvolver atividades lúdicas com o público infantil. "É muito importante que associações, como a APM que atua com médicos, deem apoio, desde o primeiro ano aos alunos da área. Pequenas iniciativas como o Santa Maluquice, já patrocinadas por grandes instituições, faz muita diferença para nós”, agradeceu Isabela.

 

Higienização como ferramenta de prevenção

Os calouros do Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa esclareceram aos moradores da Paraisópolis sobre como higienizar as mãos de maneira correta, através de um exercício de lavá-las com tinta demonstrativa e de usar um aparelho detector de sujeira. Manter os dentes e as gengivas limpos e saudáveis para evitar problemas dentários, higienizar a criança, com a utilização de bonecos (cordão umbilical, troca de fraldas, mamadeiras) e alimentos (frutas e verduras) foram outras práticas preventivas abordadas. O atendimento foi realizado na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) de Paraisópolis III, Fazenda Morumbi, das 10 às 14 horas. A ação ainda contou com a parceria da Central Única das Favelas (Cufa).

"Nós estamos muito engajados em conscientizar a população”, reforçou o primeiranista João Matias Ferreira. "Muitas pessoas que ingressam no curso de Medicina querem exercer a carreira de maneira privada, pensando num retorno financeiro alto. E o que você vê no Einstein, em parceria com o Calouro Brasil, é exatamente o contrário, porque o mais importante da área é dar atenção às comunidades carentes. Eu passei a ter uma visão muito diferente, depois que comecei a estabelecer o contato com a população da P3 [Paraisópolis III]”, completou João, ao informar sobre outros trabalhos que desenvolve com os moradores da região.

"É de extrema importância essa atuação, principalmente, em áreas onde as pessoas precisam desse conhecimento. Temos altas taxas de infecção, que podem se sanadas com ações básicas, como ensinar as pessoas a lavar as mãos corretamente. E as parcerias com o Calouro Brasil e a APM são importantes porque facilitam estabelecer contato com a comunidade”, destacou a caloura Paula Mendonça Penido Sampaio Gomes.

O coordenador do curso de Medicina do Albert Einstein, Júlio César Martins Montes, acompanhou e enalteceu a motivação dos primeiranistas, além de ressaltar a reciprocidade efetiva entre estudante e comunidade. "O principal propósito da faculdade de medicina é inserir o aluno na sociedade, e ser influenciado por essa mesma sociedade. Mesmo sendo a primeira turma do curso de Medicina do Einstein, com poucos meses de aula, percebe-se um profundo impacto dessa ação entre os envolvidos”, disse.

De acordo com a coordenadora do Cufa, Claudia Raphael de Oliveira, "o valor dessa informação trazida de forma prática e lúdica é imensurável. É um trabalho de prevenção necessário para a comunidade”. E completou: "Deve agregar um valor enorme para o profissional que está sendo formado, nessa relação direta com a realidade, que muito provavelmente não é vivida por eles”, parabenizou.

Moradora de Paraisópolis há dez anos, a doméstica Damiana Luiz de Carvalho participou junto com os filhos Miguel, de cinco anos, e Priscila, de 12, de todas as atividades de higienização. "Normalmente não sabemos as formas corretas de se escovar bem os dentes ou o passo a passo de lavar as mãos. Eu fiquei super empolgada e achei a iniciativa muito importante”, disse.

O eletricista Carlos Alberto da Silva e Sousa, morador há seis anos da comunidade, também gostou de todas as práticas de higienização apresentadas pelos alunos. "Por exemplo, sem dentes saudáveis você não consegue nada, nem dar uma risadinha”, brincou.  

Fotos: Osmar Bustos