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06/12/2017 - Cine Debate fecha temporada 2017 com o filme Negócios de Família

Um idoso (Sean Connery), acostumado a aplicar golpes, convida o neto (Matthew Broderick) para ajudá-lo em um roubo. Mas o pai do jovem (Dustin Hoffman), que já foi assaltante, reluta em apoiar tal empreitada. Três gerações dedicadas a assaltos, aos Negócios de Família. Assim, a comédia norte-americana, de 1989, dirigida por Sidney Lumet, encerrou o ciclo de 2017 do Cine Debate da Associação Paulista de Medicina.

Como a história é contada sob perspectiva de êxito dos bandidos, a crítica ao sistema capitalista, a estrutura familiar e o desvio de caráter social foram algumas avaliações feitas pelo coordenador do programa cultural, o psiquiatra Wimer Bottura Júnior. “A história glamorosa do personagem - um psicopata social, que tem como característica a sedução barata, que não se compromete e sabe envolver e manipular pessoas - traz muitos ícones do nosso cenário político com essa habilidade, a despeito de toda a realidade que nos é mostrada”, compara Bottura.

Para o psiquiatra, personagens como a advogada que inventa mentiras para vender o serviço mais caro e o chinês que contratou bandidos para justificar uma falcatrua muito maior são exemplos argumentativos para justificar suas ações. “É uma crítica ao capitalismo. Por exemplo, nos incomodamos com o flanelinha que cobra R$ 10 para cuidar do nosso carro, mas não nos incomodamos com a empresa de estacionamento que nos cobra uma fortuna e ainda põe uma placa não se responsabilizando por furtos que ocorrerem dentro do nosso veículo. Eu digo, quem rouba mais, neste caso?”

Convidado para a mesa de debates, o psicológico clínico Nadir Reis Brito, especialista em Psicoterapia Junguiana, reforça que a película aborda as relações do mundo corporativo.  “Podemos dizer que as empresas se organizam em micros, pequenas, médias e grandes. Quando passa de geração em geração, é chamada de familiar. Tem um ditado que diz que a primeira constrói, a segunda usufrui e a terceira destrói; isso está presente no filme”, diz.

Para o especialista no desenvolvimento de produtos visuais Yuri Teixeira - avaliador de editais da SPCine e de programas culturais da Prefeitura e do Governo do estado de São Paulo e gestor de conteúdos diversos para internet e TV paga - Negócios de Família retrata a dubiedade de que “no fundo, ninguém é honesto”.

“O próprio Vito tem o nome de mafioso do Poderoso Chefão; Adan vem de Adão, o primeiro homem, que aparenta ser a nova esperança, o começo de uma nova geração; e Jasse vem da bandidagem com classe. A maioria dos que assistem ao filme, a meu ver, torcem para os caras que fazem coisas desonestas, erradas. A escolha do elenco principal foi muito feliz”, conclui.

 

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