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Na última sexta-feira (10), a Associação Paulista de Medicina, em parceria com a Associação Brasileira de Mulheres Médicas – Seção São Paulo, realizou a cerimônia de entrega do Prêmio de Atuação Feminina 2017. O evento, que ocorre todos os anos em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, tem por objetivo homenagear mulheres que fazem a diferença na sociedade por serem exemplos de comprometimento e dedicação.

Neste ano, as médicas Adriana de Oliveira Melo e Maris Demuner foram homenageadas em solenidade que contou com a presença de membros da diretoria da APM, representantes da ABMM e convidados. Em seu discurso de abertura, o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, ressaltou a importância de se comemorar a data e fez um apelo para que a sociedade se mobilize e ponha um fim à violência contra as mulheres.

“É sempre uma honra para a APM prestar essa simbólica homenagem às mulheres que desenvolveram excelentes trabalhos em prol da Medicina e da sociedade nos últimos anos. Queremos estender esse tributo a todas as mulheres, porque ainda, nos dias de hoje, é necessário que se comemore e, principalmente, que se reflita profundamente a respeito da importância do Dia da Mulher. Infelizmente, o índice de violência cresce em um País onde a justiça é muito lenta e demorada. Precisamos de um envolvimento muito forte de toda a sociedade para revertemos esse cenário”, falou.

Ivone Minhoto, presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas – Seção São Paulo, pediu mais respeito e oportunidade para as mulheres. “Desde o século 19 as mulheres eram impedidas de exercer as profissões que escolheram. Até mesmo conseguir cursar a faculdade era difícil. E, embora tenhamos evoluído em muitos aspectos, bastante coisa ainda precisa ser feita. Quero que possamos ter mais chances para mostrar o quanto somos capazes”, destacou.

Homenageadas
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e com mestrado em saúde coletiva pela Universidade Estadual da Paraíba (EUPB), além de doutorado em saúde materno-infantil pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e em tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana de Oliveira Melo foi a responsável pela primeira pesquisa que estabeleceu a relação entre o vírus da Zika e o surto de casos de microcefalia no Nordeste.

”Quero agradecer pela homenagem e pelo prêmio e dizer que para mim é uma honra, ainda mais sendo mulher e do Nordeste, onde a prática da pesquisa infelizmente não é tão reconhecida, apesar de existir. Não reconhecida não só pelos outros estados ou pelo mundo, mas pela própria Paraíba, pois não temos incentivo à pesquisa durante a vida acadêmica. E foi graças à vontade de pesquisar que eu e mais colegas realizamos vários estudos, de modo que quando o vírus da Zika chegou, encontrou um grupo preparado”, frisou.

Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência em Cirurgia Geral e Pediátrica pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), Maris Demuner é professora da EPM e chefe de plantão do Pronto Socorro de Cirurgia Geral do Hospital Universitário. É coordenadora do projeto Saúde e Cidadania em Fronteira, cuja missão é prestar atendimento voluntário à população ribeirinha do Amazonas.

“Agradeço à ABMM-SP e APM por essa homenagem, pois jamais imaginei que um dia eu pudesse receber esse prêmio. Trabalho com este projeto, fruto de parceria entre a Marinha do Brasil e a Escola Paulista de Medicina, desde 2012 e já atendemos mais de cinco mil ribeirinhos. Quando estou lá prestando atendimento voluntário é que consigo enxergar a dimensão do nosso trabalho e me sinto médica de verdade, pois vejo que posso fazer a diferença. Divido este prêmio com os meus alunos, que me estimulam sempre a continuar, e com as mulheres ribeirinhas”, destacou.

Desde 2001, mais de 130 mulheres já foram homenageadas com o Prêmio de Atuação Feminina da APM.

Texto: Luanna de Souza Nery
Fotos: Osmar Bustos