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16/12/2009 - Música nos Hospitais encerra o ano em São Paulo

O projeto Música nos Hospitais edição 2009 chegou ao fim nesta quarta-feira, 16 de dezembro. A apresentação, que comemorou o fim do sexto ano de concertos, foi no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) "Octávio Frias de Oliveira", na capital paulista.

Essa é a segunda vez que o Música nos Hospitais foi ao local. No ano passado, o Icesp abriu a temporada. Por coincidência, a representante de produtos hospitalares Renata Cardoso estava na instituição nas duas ocasiões. "Todos os hospitais deveriam fazer algo parecido", comenta ela, que usou seu horário de almoço para apreciar o espetáculo.

Como é de praxe em eventos em São Paulo, o Música nos Hospitais contou com a presença de uma grande delegação da Associação Paulista de Medicina (APM) e da sanofi aventis. Enquanto a Orquestra do Limiar, sob a regência do maestro Samir Rahme, tocava as composições habituais de música clássica no saguão principal do instituto, o quarteto composto pelos músicos Jean Paulo Olivar Casimiro, Daniel Moreira, Ezequiel Sieba e Rogério Shieh levou versões de músicas famosas como "Over the Rainbown", tema do filme "O mágico de OZ", e "Yesterday", dos Beatles, para os outros andares do prédio.

Funcionários, acompanhantes e pacientes não só paravam para ouvir o grupo como cobravam silêncio de quem passava despercebido. A percussionista Elizabeth Del Gadei toca na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e passou no Instituto para ver a irmã, internada há cinco semanas na UTI. "Entendo que seja outra proposta, que aqui não é um teatro ou algo assim, mas para mim música é de extrema importância", diz a musicista, que também confessa ter ficado surpresa com a qualidade dos músicos do projeto, de quem já tinha ouvido falar, mas ainda não havia presenciado nenhuma apresentação.

A mesma Elizabeth, porém, relembrou que, num Brasil tão desigual, a oportunidade de assistir a um concerto pode ser corriqueira para alguns, mas de grande importância para outros, que têm nesses eventos uma das poucas chances de assistir a uma apresentação dessas ao vivo.

Merciás Atanásio das Neves até que tem oportunidades, pois uma de suas amigas trabalha no Teatro Municipal e sempre a convida. No entanto, a correria do dia a dia fez com que só nessa apresentação, quando vinha buscar alguns exames para sua irmã, ela pudesse apreciar um pouquinho da música, que só conhecia pela televisão. "É muito lindo! Na TV tem um canal que passa música clássica direto e eu fico ali, babando", comenta Merciás, entre uma foto e outra do grupo musical, tiradas com o celular.

Ao longo de seus seis anos, o Música nos Hospitais tem ganhado mais força e se consolidado como um dos mais conhecidos projetos do estilo. O médico e maestro Samir Rahme destaca o fato de que, "apesar de pequena", a Orquestra do Limiar é a que fez mais pedidos de composições originais a músicos brasileiros. Já Cristina Moscardi, diretora de Comunicação da sanofi aventis, comenta que, a cada evento, a qualidade dos espetáculos aumenta ainda mais. "A cada apresentação, o maestro Samir cria novas formas de interagir com o público, de valorizar esses jovens músicos, tão talentosos", diz Cristina, segundo a qual a Orquestra do Limiar tem servido de degrau para muitos músicos hoje consagrados.

O calendário de 2010 está em elaboração, mas "a ideia é ir para um ou dois outros Estados, mantendo como foco grandes hospitais no interior de São Paulo, onde o alcance é maior", conta a diretora, para depois explicar que o objetivo do projeto é incentivar iniciativas semelhantes em várias regiões brasileiras, em todas as áreas artísticas, para melhorar ainda mais o clima hospitalar e "beneficiar não só pacientes, mas também acompanhantes e funcionários".